O superman dos negócios

Bem que, desta vez, poderíamos começar assim: “No início do século 21, vivemos num ambiente altamente competitivo, onde é preciso vencer no mundo dos negócios. Em resumo, é preciso ter um espírito empreendedor. Agora, vamos conhecer as principais características de um empreendedor”. Na verdade, é essa a idéia que a maioria das pessoas tem de um vencedor. Inclusive, vi essa semana um “perfil de um vencedor” na revista PEGN. Iniciativa, criatividade, persuasão – no geral, esse perfil traz as principais habilidades e competências que uma pessoa deve ter para ser bem-sucedida na vida. Sabemos que sem algumas boas qualidades ninguém consegue alcançar seus objetivos. Mas, o que realmente um perfil desses nos transmite? E o que as pessoas estão esperando de uma vida de sucesso?

Lembro até de uma pregação do meu pastor, que ouvi ainda adolescente, sobre os “três Ds do sucesso”. “Determinação, dedicação e disciplina” – dizia ele pra ficar fácil de decorar. Mas, quando eu olho uma lista dessas, eu me pergunto: “Esse cara realmente existe? Será que ele tem ao menos um momento na vida em que fique frustrado e sem saída?”. De fato, é preciso desconstruir essa imagem do vencedor que geralmente se tem. Devemos confrontar essa projeção idealizada com a vida real. De um jeito ou de outro, como você mesmo pode notar, o que se construiu como a imagem de um vencedor hoje em dia é quase um filme de Hollywood – o superman dos negócios, com a vantagem de não precisar tirar o terno e a gravata pra sair voando por aí.

O que eu pretendo ressaltar é o cuidado que devemos ter com a obrigação de vencer que cada um de nós carrega nas costas. Precisamos entender que um perfil desses não revela os defeitos e limitações de cada ser humano. Não revela uma parte real de quem somos. Aliás, é preciso lembrar que a vitória não é algo homogêneo. É feita de várias áreas e etapas, pois ninguém vence em tudo na vida. Além disso, a vitória é uma conquista diária. Quando pensamos em termos de circunstâncias, acho que ser um vencedor depende de dois fatores principais: necessidade – aquilo que obrigatoriamente precisamos fazer, mesmo não gostando ou sabendo; e afinidade – aquilo que gostamos e sabemos fazer, mesmo não sendo obrigados. Na minha opinião, o sucesso acontece quando conseguimos unir esses dois fatores, mas claro que não é tão simples como seguir uma receita de bolo.

Por mais estranho que pareça, há uma personagem bíblica que virou um verdadeiro emblema do vencedor, até mesmo neste mundo dos negócios: Davi. Ele é o exemplo de uma pessoa bem-sucedida: o jovem mais novo da casa de seu pai, pastor de ovelhas, que vai até o arraial de guerra levar comida a seus irmãos e, de repente, aceita o desafio de lutar contra um gigante. Desacreditado pelos seus e ridicularizado por seus inimigos, derrota o gigante com apenas um golpe e vive feliz para sempre – ao menos é o que geralmente se pensa. Vencer gigantes, quem não quer? Contudo, há mais lições na vida de Davi sobre um vencedor do que apenas o confronto com Golias. Já ouvi inúmeras pregações sobre Davi e Golias – até uma onde cada pedrinha era uma habilidade de Davi, imagine! – e outras até interessantes, como o fato de Davi ter sido preparado para lutar contra Golias matando antes disso um leão e um urso.

Entretanto, acho que a maior lição da vida de Davi não é o que fazer para derrotar um gigante, e sim o que fazer quando se é derrotado por um. Não, não estou louco e é simples de entender. Para mim, o maior gigante da vida de Davi não foi Golias, mas sim uma mulher chamada Bate-Seba. O homem que resistiu às afrontas de um gigante caiu diante do desejo de ter a mulher que quisesse, mesmo que ela fosse de outro homem. É, o superman achou que poderia fazer tudo o que bem quisesse e foi derrotado por seus próprios super poderes. Sem dúvida nenhuma, Davi me ensina que o vencedor, ou nas palavras da Bíblia, o homem segundo o coração de Deus é aquele que reconhece seus erros e limitações diante de sua própria queda e vergonha. Que mais do que ter habilidades incríveis, criatividade e uma boa oratória – ou até sair voando – é preciso saber a maneira correta de dar a volta por cima. Ensina-me a dura lição de que o dia da queda virá para mim também (Ef. 6.13), mas que isso não é o fim. Aliás, pode ser o início e até provar a minha capacidade de vencer. Leva-me a orar a realidade tão simples cantada na música do Fruto Sagrado: “Eu sou diferente, igual a todo mundo, sem Você eu não sou ninguém. Eu sou igual a todo mundo, não existe superman”. Ensina-me, acima de tudo, que um vencedor é uma pessoa que tem a capacidade de acreditar. Acreditar nas possibilidades de si mesmo e na capacidade do seu Deus.

Deus nos abençoe no amor de Cristo!

Comentários

  1. Muito bacana meu irmão!
    Blog com conteúdo e um template maravilhoso. ;)
    Também curto muito blogar. Tenho o www.jonatastargino.blogspot.com
    e
    www.blogginfor.blogspot.com
    mas me amarrei (como diz a gíria) no seu.
    Um super abraço!!!

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  2. Pois é, Hereshas. E o sistema vende para as pessoas outro monte de ideais impossíveis: a felicidade plena, o amor perfeito, a perfeição (seja lá o que isso signifique). Resultado: uma grande neurose coletiva em que ninguém está satisfeito com o que é. E ainda dizem que a sociedade moderna é individualista. Pelo contrário, as pessoas não gostam de si mesmas, pois querem sempre ser o que não são.

    Se alguém quer ser igual
    ao cara da televisão
    não difere do pinel
    que quer ser Napoleão

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