O século XIX foi um século marcado por transformações que mudaram o jeito como a humanidade enxerga o mundo. Precedido por uma revolução dupla – a Revolução Industrial de 1760 e a Francesa de 1789 – abriu espaço pra questionamentos que buscavam entender o novo tipo de sociedade que se construía a base de aço, eletricidade e petróleo.
Justamente neste século, o mundo viu o nascimento das chamadas Ciências Sociais. Diante das transformações que a industrialização provocava nas cidades e na vida diária das pessoas, no olhar de estranhamento dos europeus pra com os povos colonizados na África e Ásia, surge a necessidade de se entender como os seres humanos vivem em sociedade.
A Sociologia é a tentativa de entender a relação humana mais fundamental – como o indivíduo se relaciona com o outro e consigo mesmo. Ao lado de ramos como Antropologia, Direito e Economia, ela procura compreender como as sociedades humanas se formam e como se mantém. Mas falar de sociedade é impossível sem lembrar-se de três pensadores clássicos da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Eles são fundamentais não apenas por terem proposto as primeiras bases e métodos da Sociologia como ciência, mas por terem abordado temas que ainda são imprescindíveis no entendimento da sociedade contemporânea.
Durkheim foi um discípulo inconformado de Auguste Comte, pois afirmava que o Positivismo tinha falhado na pretensão de neutralidade científica. Ele, contudo, mantém a análise coletivista da sociedade e a enxerga como um grande organismo, onde cada indivíduo tem uma função social. Por isso, sua sociologia é chamada de funcionalista. Durkheim afirma que a sociedade é uma entidade tão poderosa que se sobrepõe ao indivíduo sempre – que ele propôs ser possível de perceber no que chamou de “fato social”.
Fato social é tudo aquilo que é externo ao indivíduo, age sobre ele por coerção e se encontra em toda sociedade. A junção dos fatos sociais é o que torna a sociedade unida, ou solidária, mas Durkheim também propôs que conjuntos de valores em choque dentro de uma mesma sociedade podem gerar a anomia – a dissolução da sociedade. Como a sociedade capitalista ainda permanece, apesar de todas as suas contradições, isto nos leva a questionar seu pensamento.
Karl Marx é um feroz crítico da sociedade industrial, pois percebe que as relações sociais que se formam nela não são apenas desiguais, são também disputas de poder conflituosas. Marx analisa a sociedade pelo seu elemento mais básico – a produção de mercadoria – e propõe que é a forma como o homem domina essa produção material que determina a sua existência histórica. Desta forma, sua sociologia é conhecida como materialismo histórico. Toda mercadoria necessita de meios para ser produzida, toda forma de produção precisa do controle de alguém. Então, Marx vê a sociedade dividida entre aqueles que controlam os meios de produzir mercadoria e aqueles que nada tem, a não ser sua força de trabalho para negociar – burgueses e proletários.
Como esta relação não é apenas objetiva, mas também se apoia em construções e justificativas ideológicas, a revolução é a única forma de se mudar a sociedade para ele. Chegará um momento na história em que a própria sociedade capitalista oferecerá os meios dessa revolução, pela união de todos os proletários numa violenta tomada de poder, para instaurar a sociedade comum – ou comunista. O problema é que a profecia de Marx não aconteceu e as experiências socialistas não deram certo, o que também tem levado seu pensamento a ser questionado.
Por sua vez, Max Weber é oposto de ambos. Ao invés de sobrevalorizar as instituições sociais ou o conflito vindo delas, ele propõe que a sociedade é um aglomerado de indivíduos. Cada indivíduo tem atuação de extrema significação para a sociedade, de maneira que essa só pode ser compreendida na análise da relação entre os indivíduos. Assim, a sociologia de Weber é chamada de compreensiva. Daí, o mecanismo de compreensão do indivíduo é a ação social – tudo o que alguém faz ou deixa de fazer tendo como referência os outros – o que Weber chamou de “ação reciprocamente referida”.
É da reação às ações e da interação entre indivíduos que surge a relação social. Para Weber, as relações sociais são geradas pelas ligações significativas entre as ações sociais individuais. As ideias coletivas existem pela reciprocidade de ação entre indivíduos dentro da sociedade. Weber tornou-se um dos mais influentes pensadores, mas sua sociologia é muito mais compreensiva do que propositiva, o que nos leva a questionar seu pensamento também.
Isto tudo me leva a pelo menos duas conclusões. A primeira é que tornamos incapazes de compreender as causas essenciais de nossa própria degradação. Tais causas ocorrem por processos sutis e envolvem todo tipo de produção humana, adoecida até mesmo em sua pretensão de conhecimento e poder. Em consequência disto, a segunda é que nos encontramos em um estado lamentável de inaptidão para mudar. Avançamos em ciência e tecnologia, mas não distribuímos riquezas; produzimos conforto e sofisticação, mas não conseguimos parar de destruir o planeta; exploramos o espaço, mas não amamos o próximo. Acumulamos mais e mais formas elaboradas de explicação, mas nenhuma forma eficiente de solução.
Cada vez que o surto humano se manifesta aos olhos de todos, comprova-se que a transformação social nunca veio nem virá por via externa, mas que precisa ocorrer numa experiência pessoal, dentro de cada indivíduo. E se a força coletiva da sociedade tem falhado assim, isso só reforça a minha convicção de que Deus é - e sempre foi - o único caminho para uma sociedade mais digna e justa.
Justamente neste século, o mundo viu o nascimento das chamadas Ciências Sociais. Diante das transformações que a industrialização provocava nas cidades e na vida diária das pessoas, no olhar de estranhamento dos europeus pra com os povos colonizados na África e Ásia, surge a necessidade de se entender como os seres humanos vivem em sociedade.
A Sociologia é a tentativa de entender a relação humana mais fundamental – como o indivíduo se relaciona com o outro e consigo mesmo. Ao lado de ramos como Antropologia, Direito e Economia, ela procura compreender como as sociedades humanas se formam e como se mantém. Mas falar de sociedade é impossível sem lembrar-se de três pensadores clássicos da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Eles são fundamentais não apenas por terem proposto as primeiras bases e métodos da Sociologia como ciência, mas por terem abordado temas que ainda são imprescindíveis no entendimento da sociedade contemporânea.
Durkheim foi um discípulo inconformado de Auguste Comte, pois afirmava que o Positivismo tinha falhado na pretensão de neutralidade científica. Ele, contudo, mantém a análise coletivista da sociedade e a enxerga como um grande organismo, onde cada indivíduo tem uma função social. Por isso, sua sociologia é chamada de funcionalista. Durkheim afirma que a sociedade é uma entidade tão poderosa que se sobrepõe ao indivíduo sempre – que ele propôs ser possível de perceber no que chamou de “fato social”.
Fato social é tudo aquilo que é externo ao indivíduo, age sobre ele por coerção e se encontra em toda sociedade. A junção dos fatos sociais é o que torna a sociedade unida, ou solidária, mas Durkheim também propôs que conjuntos de valores em choque dentro de uma mesma sociedade podem gerar a anomia – a dissolução da sociedade. Como a sociedade capitalista ainda permanece, apesar de todas as suas contradições, isto nos leva a questionar seu pensamento.
Karl Marx é um feroz crítico da sociedade industrial, pois percebe que as relações sociais que se formam nela não são apenas desiguais, são também disputas de poder conflituosas. Marx analisa a sociedade pelo seu elemento mais básico – a produção de mercadoria – e propõe que é a forma como o homem domina essa produção material que determina a sua existência histórica. Desta forma, sua sociologia é conhecida como materialismo histórico. Toda mercadoria necessita de meios para ser produzida, toda forma de produção precisa do controle de alguém. Então, Marx vê a sociedade dividida entre aqueles que controlam os meios de produzir mercadoria e aqueles que nada tem, a não ser sua força de trabalho para negociar – burgueses e proletários.
Como esta relação não é apenas objetiva, mas também se apoia em construções e justificativas ideológicas, a revolução é a única forma de se mudar a sociedade para ele. Chegará um momento na história em que a própria sociedade capitalista oferecerá os meios dessa revolução, pela união de todos os proletários numa violenta tomada de poder, para instaurar a sociedade comum – ou comunista. O problema é que a profecia de Marx não aconteceu e as experiências socialistas não deram certo, o que também tem levado seu pensamento a ser questionado.
Por sua vez, Max Weber é oposto de ambos. Ao invés de sobrevalorizar as instituições sociais ou o conflito vindo delas, ele propõe que a sociedade é um aglomerado de indivíduos. Cada indivíduo tem atuação de extrema significação para a sociedade, de maneira que essa só pode ser compreendida na análise da relação entre os indivíduos. Assim, a sociologia de Weber é chamada de compreensiva. Daí, o mecanismo de compreensão do indivíduo é a ação social – tudo o que alguém faz ou deixa de fazer tendo como referência os outros – o que Weber chamou de “ação reciprocamente referida”.
É da reação às ações e da interação entre indivíduos que surge a relação social. Para Weber, as relações sociais são geradas pelas ligações significativas entre as ações sociais individuais. As ideias coletivas existem pela reciprocidade de ação entre indivíduos dentro da sociedade. Weber tornou-se um dos mais influentes pensadores, mas sua sociologia é muito mais compreensiva do que propositiva, o que nos leva a questionar seu pensamento também.
Isto tudo me leva a pelo menos duas conclusões. A primeira é que tornamos incapazes de compreender as causas essenciais de nossa própria degradação. Tais causas ocorrem por processos sutis e envolvem todo tipo de produção humana, adoecida até mesmo em sua pretensão de conhecimento e poder. Em consequência disto, a segunda é que nos encontramos em um estado lamentável de inaptidão para mudar. Avançamos em ciência e tecnologia, mas não distribuímos riquezas; produzimos conforto e sofisticação, mas não conseguimos parar de destruir o planeta; exploramos o espaço, mas não amamos o próximo. Acumulamos mais e mais formas elaboradas de explicação, mas nenhuma forma eficiente de solução.
Meu escritor favorito!
ResponderExcluirAdorei o texto amigo. Só faltou Bordieu pra contradier e polemizar tudo!...rs
Abraços