Uma amiga minha me perguntou – num desses papos bem rápidos que a gente tem via chat em sites de relacionamento – o que eu achava dessa correria da pós-modernidade. Parei pra pensar e, mergulhado na própria correria, tentei falar para ela aquilo que transcrevo abaixo:
“Posso falar rapidamente. Acredito que essa pressa é um fenômeno experimentado em todos os tempos, mas, na sociedade capitalista, a mecanização tem causado a sensação da “aceleração do tempo”. Jesus já dizia pra Marta: “estás ocupada com muitas coisas”. E isso no Israel da Antiguidade.
Acho que a questão toda gira em torno de duas coisas: 1. A VISÃO ARTIFICIAL DA VIDA – a vida é o aqui e agora, e ganhar é sempre o objetivo máximo de cada experiência; e 2. A FOBIA DA MORTE – mesmo inconscientemente, a maioria das pessoas vive sua vida sob o medo de morrer. Como? Tudo precisa ser feito logo e toda experiência é válida e aproveitável, afinal de contas, a gente tá envelhecendo e não fazer agora é burrice, pois a morte acaba com qualquer oportunidade.
Assim, o “HOMEM PÓS-MODERNO” é um cara articulado, esperto, audacioso, que não tem tempo a perder. E não percebe que correr loucamente assim atrás de tudo é, na verdade, o PERDER TEMPO, porque o fruto disso já foi declarado: “O que adianta ao homem GANHAR O MUNDO INTEIRO, E PERDER A SUA ALMA?”.
Deus me livre de perder a minha ALMA – no sentido mais essencial da palavra – porque essa correria rouba de nós a graça, a leveza e a sensibilidade, e não apenas a vida com Deus – a salvação da alma. Por isso mesmo, são os pobres os que herdam o Reino. Eles não tem nada, só almas ricas. São os que tem fome que acabam fartos e os que choram os que encontram consolo. Porque a vida é exata e estranhamente isso.
Como saber o valor da comida sem a experiência da fome, ou do conforto do abraço sem se ver sozinho e desolado? Como saber a necessidade que se tem do Eterno, se cada segundo é medido pelo dinheiro? É a experiência da pacificação da alma, adquirida na certeza do “tudo tem seu tempo”, que nos leva ao encontro da verdadeira vida e do Deus verdadeiro”.
Acrescento apenas que – caminhando em um mundo que corre para ultrapassar a pós-modernidade – me sinto cada dia mais “jurássico”, pois insisto em carregar dentro de mim uma alma antiga: onde o tempo para e o valor de tudo não é medido por ganho ou perda, mas pelo simples fato de poder ser vivido.
Imagem:
Retrato de Florence Owens Thompson, com vários de seus filhos, após a Grande Depressão de 1929, nos Estados Unidos. Foto de Dorothea Lange.
“Posso falar rapidamente. Acredito que essa pressa é um fenômeno experimentado em todos os tempos, mas, na sociedade capitalista, a mecanização tem causado a sensação da “aceleração do tempo”. Jesus já dizia pra Marta: “estás ocupada com muitas coisas”. E isso no Israel da Antiguidade.
Acho que a questão toda gira em torno de duas coisas: 1. A VISÃO ARTIFICIAL DA VIDA – a vida é o aqui e agora, e ganhar é sempre o objetivo máximo de cada experiência; e 2. A FOBIA DA MORTE – mesmo inconscientemente, a maioria das pessoas vive sua vida sob o medo de morrer. Como? Tudo precisa ser feito logo e toda experiência é válida e aproveitável, afinal de contas, a gente tá envelhecendo e não fazer agora é burrice, pois a morte acaba com qualquer oportunidade.
Assim, o “HOMEM PÓS-MODERNO” é um cara articulado, esperto, audacioso, que não tem tempo a perder. E não percebe que correr loucamente assim atrás de tudo é, na verdade, o PERDER TEMPO, porque o fruto disso já foi declarado: “O que adianta ao homem GANHAR O MUNDO INTEIRO, E PERDER A SUA ALMA?”.
Deus me livre de perder a minha ALMA – no sentido mais essencial da palavra – porque essa correria rouba de nós a graça, a leveza e a sensibilidade, e não apenas a vida com Deus – a salvação da alma. Por isso mesmo, são os pobres os que herdam o Reino. Eles não tem nada, só almas ricas. São os que tem fome que acabam fartos e os que choram os que encontram consolo. Porque a vida é exata e estranhamente isso.
Como saber o valor da comida sem a experiência da fome, ou do conforto do abraço sem se ver sozinho e desolado? Como saber a necessidade que se tem do Eterno, se cada segundo é medido pelo dinheiro? É a experiência da pacificação da alma, adquirida na certeza do “tudo tem seu tempo”, que nos leva ao encontro da verdadeira vida e do Deus verdadeiro”.
Acrescento apenas que – caminhando em um mundo que corre para ultrapassar a pós-modernidade – me sinto cada dia mais “jurássico”, pois insisto em carregar dentro de mim uma alma antiga: onde o tempo para e o valor de tudo não é medido por ganho ou perda, mas pelo simples fato de poder ser vivido.
Imagem:
Retrato de Florence Owens Thompson, com vários de seus filhos, após a Grande Depressão de 1929, nos Estados Unidos. Foto de Dorothea Lange.
Grande Herison!! Muito confrontante este artigo. A minha impressão é que vivemos nessa grande correria em busca do TER para muitas vezes mater-mos uma aparência do SER. Quanto mais tiver, mais se sentirá sendo. Daí a insaciabilidade, porque o que esta posto, é que ser não é um estado, é um processo que se sustenta pela posse e na posse. Que Deus continue lhe abençoando meu irmão. Fica na Paz. Maciel
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