Momento é a parte do tempo que mais foge ao cronômetro. Movimento é a ação sob a qual a realidade se segmenta. Em todo tempo há um movimento, que no momento em que move o tempo, move também o momento para qual o tempo deixa de existir.
Enquanto há vida, há movimento. E os momentos mais vividos são as somas de todos os movimentos realizados que permitem surgir um momento. Momentos que, às vezes, brotam em nossa frente pela leveza dos movimentos, na sincronia de se deixar mover ou pela sinergia experimentada pela gente, num momento em que apenas se sente. Às vezes, todo movimento é força para nada fazer, além de deixar o momento acontecer.
Mas morte também é momento. Não é apenas quando o corpo para o seu movimento. É, sobretudo, o momento da alma em movimento. Porque na vida se morre quando é preciso se por em movimento em busca de outro momento, principalmente, quando um momento se quebra movido à forças alheias de qualquer estranho movimento.
Dessa forma, momento e movimento vivem juntos e sepultam em nós sementes que morrem para gerar vida. Não qualquer momento, mas aqueles em que os movimentos se locupletam. Movimentos doídos que se transmutam nas doçuras de um momento, momentos silenciosos que nos movem sabiamente para além das fronteiras do próprio tempo.
Tempo, cujo alento só vem quando se discerne a beleza do movimento e do momento.
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