As disputas humanas sobre Deus terminam, fatalmente, na sentença sobre o fim alheio. Todo o que assume para si o direito de defesa, guarda também a lógica triunfante do argumento final.
Passada a discussão, o que sobra? No fim, quem pode dizer quem é de Deus ou não? Quem se habilita?
Só Ele. Ele – o mesmo que, segundo as Escrituras, deseja que todos os homens cheguem ao conhecimento da verdade. Aquele que tudo fez, incluindo o céu.
Céu que não é meu nem seu – não dá pra mandar ninguém pra lá. Muito menos mandar sair. Mas é um céu que já habita todo filho d’Ele, ainda que aos olhos humanos não passe de abominação.
Deus, porém, não faz acepção de pessoas. Cristo é a luz que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.
Ademais, Jesus continua o mesmo.
O mesmo que continua andando com prostitutas e cobradores de impostos. Que continua fazendo do samaritano desprezado, do centurião odiado e da mulher desvalida exemplares da fé.
O mesmo Jesus que vê o que o olho não viu e sabe o que por ninguém foi discernido.
Para além das aparências,
para além dos equívocos,
para além das crenças.
Porque só Ele sabe o que verdadeiramente é.
E por isso, para além de todos os “ismos” da religião, principalmente, os do cristianismo. Pois é o coração o lugar da revelação divina e aquilo que, sempre, nos define diante de Deus e dos homens.
Eu, contudo, não sou. Hoje só estou sendo, por Ele, aquilo que um dia serei n’Ele e fui chamado a ser para Ele, quando ainda nem mesmo me reconhecia.
O que me silencia.
Crer nas mais elaboradas confissões de fé, dominar a semiologia dos anjos, tornar-se hábil em dons e conhecimentos elevados. Ser inflamado num ato altruísta que sacrifique o próprio corpo. Tudo isso é humanamente possível.
E ocasião passível de toda disputa.
Mas, se não tiver ... igreja? Bíblia? Padre, pastor, algum outro?
Não. Se não tiver amor, nada disso terá proveito algum. Isto porque o amor é a essência de todas as nossas impossibilidades. É o ato eterno que nos torna um com o próprio Deus e, portanto, com o próximo.
Todo aquele que ama é nascido de Deus, porque Deus é amor.
E no amor não há disputa, não há argumento, não há nem mesmo fim. Há apenas, enquanto se vive, a fé e a esperança de um coração que se rende ao fato de que nada sabe sobre o que só Ele sabe, pois só Ele é Aquele que é.
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Imagem: nebulosa de Hélix, chamada de “olho de Deus”. Nebulosas planetárias são formações gasosas que só aparecem no fim da vida de uma estrela, quando ela está morrendo. Belezas apenas visíveis quando aquilo que era já não é mais.
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