Dizem que a vida é um eterno aprendizado

Dizem que a vida é um eterno aprendizado, mas isso depende. Depende de situações, de tempo e acima de tudo, depende da gente. O que define o significado de uma experiência, seu marco como lição, é a capacidade de cada um de nós mergulhar nela. Posto que somente o que é feito com a entrega de nós mesmos retorna para nós como algo propriamente nosso.

Daí que, quem entrega não possui mais domínio sobre si, e sobre o que virá sobre si. Não há matemáticas para a consequência de atos, porque, nessa conta, as pessoas é que são as incógnitas. Do bem se recebe tanto o bem quanto o mal. Porém, em cada retorno a gente pode ter a certeza do inesperado. Afinal, nem tudo o que parece é. E é assim que a gente aprende que nem tudo o que é em um minuto o será também para o resto da vida. Talvez essa seja a lição mais difícil de viver: a de escapar da lógica das aparências.

Então, tudo o que acontece recebe a dimensão do comprometimento. Não há como agir e querer deixar de firmar uma relação de continuidade, de percepção, com tudo o que se seguirá indefinidamente. Essa é a parte visceral da didática da vida. É, para bem e para mal, assumir essa posição de aprendente, onde nós mesmos somos desafiados a relacionar tempos da nossa vida, reinterpretar significados, corrigir posturas com base em outras. Enfim, aprender é fazer de si mesmo a maior lição a ser encarada.

Mas se a vida é aprender, erros e acertos serão sempre conquistas difíceis. Acertos precisam ser encarados na fragilidade com que nos iludem. Erros precisam ser assumidos através da pureza que podem extrair do buraco mais profundo de nós.

E de todas as lições que aprendi até agora, a mais intensa talvez seja essa: que a força do meu desejo não pode ser maior que a força da minha paciência. Que não há coragem que se sustente sem que haja, antes de tudo, compreensão.

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