Simples convicções

Nunca é fácil falar de uma maneira de ver o mundo, muito menos quando essa maneira é a sua.

Mas falar não é a própria maneira que temos de nos conectar ao mundo? Não sou diferente.

Se bem que acredito na diferença essencial das pessoas. Não da substância de que são feitas, nem da condição humana de existência. A diferença é que cada um "cria" – cria mesmo – a sua própria vida no momento e na maneira de olhar.

Produzimos as estruturas que nos sustentam dia a dia. Damos significados. Cimentamos ou derrubamos conforme tomamos decisões. E agimos, claro. Seguimos nos definindo, pra bem e pra mal. Mas tudo isso acontece dentro de nós.

E se decisões nos constroem, somos feitos de algo além da matéria.

Acredito na ação vital do pensamento. Mas não é do esoterismo que falo. Falo de que nossa produção mental reverte saúde e doença ao nosso corpo realmente. Pensamento é energia. É concentração de força pra vida ou pra morte.

Cada uma dessas ligações sutis são caminhos. E apesar do contato com o mundo externo, cada caminho trafega por diferentes dimensões, invisíveis. Vivemos ao lado e em paralelo dos outros. 

O que acredito é que a mente é a "parte" mais "fluida" do ser humano. É capaz de se ligar ao cérebro, mas tornar-se independente dele. Capaz de operar entre este universo visível e o invisível.

Porém, se há ligações reais entre mente e corpo, porque o meu "eu" ficaria preso "dentro de mim"?

Acredito que as pessoas "fluem". E se conectam a outras por "outras vias". Que há no "eu" uma rede de conexões com tudo à volta, operando na qualidade e na intensidade daquilo à que se liga.

Diferentes conexões ocorrem em diferentes dimensões.

Existem inúmeras formas de ligação.

Acredito que chamamos a mais forte delas de amor. Mas falar de amor exigiria mais que texto.

Por isso, acredito que tudo o que se precise saber sobre o amor é que não se pode saber o que ele é sem praticá-lo. O amor não consegue não amar. Não sabe não ser amor.

Nas conexões do amor é possível ultrapassar as sensações corporais, transcender o espaço-tempo. Acredito que é possível compartilhar existências, transmitir disposições internas, perceber estados de alma.

É possível "se plantar" no outro e coexistir com ele no mais alto grau de ligação imaginável – até mesmo em meio à morte.

E o que é a morte?

Se o que nos move é uma "mente" que transita entre o visível e o invisível, de forma igualmente real, acredito que a morte não é morte. Se nos movemos em dimensões paralelas, sutilmente separadas, a morte é uma mudança de estado do ser.

Não há morte de fato. A existência continua em outras dimensões.

Acredito que chamamos a dimensão mais fascinante que existe de céu.

E este céu, acredito, nada tem do céu do planeta Terra. Um céu dimensional não precisa nem estar em cima ou em baixo. Se é céu, precisa ser acessível pela mais incrível conexão – o amor. Assim, não pode estar distante. Circunstancialmente limitado pelo nosso corpo. Intensamente vivenciável pelo amor.

E como dimensão paralela, o céu não está lá. Está aqui, bem ao lado.

Não há nada que aconteça no universo que não aconteça com a gente.

Não somos suficientes para nos explicar, acredito. Nossa mente trabalha com diversas categorias – como razão e fé – mas a própria mente é o nosso limite. E se não entendo, se não sei de mim mesmo, como compreender o universo que me transcende?

Acredito que dentre todas as escolhas possíveis, a fé é mais que necessária. Fé é energia – nos impulsiona em direção ao que acreditamos ser possível, mas ainda não está disponível. Fé é ligação – nos conecta a realidades não-verificáveis. Fé é discernimento – nos invade de convicções, à medida em que o resultado da experiência com ela estabelece-a por si mesma.

Portanto, a escolha elimina o acaso. E a fé transcende o fatalismo.

Acredito na existência de seres impensáveis nestas dimensões paralelas. Que o universo – ou multiversos – está repleto de inteligências e versatilidades. Que até mesmo os seres mais simples possuem algum grau de consciência. E por tratar-se de dimensão, estes entes estão paralelamente existindo entre nós.

Há níveis de conexão entre os seres dependendo dos seus graus de constituição.

Acredito que chamamos o ser mais indiscernível de Deus.

Deus? Acredito que esse Deus vai além de ser o conceito filosófico mais desafiador da história da filosofia ocidental. Não se extrai de livros-código de línguas antigas, não se sistematiza em doutrinas teológicas e credos religiosos, não se disseca em acelerador de partículas.

É Deus porque é. E se é, não pode ser força, não se dissolve no todo, não se contém entre linhas. É em sentido inclusivo, de que contingencia a existência de tudo, em todas as qualidades de tempos e dimensões. Não há nada no universo que aconteça "fora" Dele.

Acredito que a melhor definição que temos de Deus é Jesus.

Jesus, um ser de convergências. Ser cuja humanidade revela a face mais divina do humano. Cuja divindade é a concreção mais humana de Deus. Um que, sendo supra-histórico, historicizou-se como homem aqui na Terra. Sendo supra-humano, humanizou o amor em graça e leveza. E amando, acredito, fez do sacrifício de Si mesmo ligação transtemporal e transdimensional do universo com Deus.

Acredito que o que procuramos por sentido da existência é a experiência do amor.

Este amor é motivo, não consequência de tudo –  é um "antes de haver eu", não depois. Amor que conecta todos em Um – que é "Um em amor único" –  e Um em todas as categorias de todos. Que lugariza o céu em todo e qualquer ser, até perenizar-se. Que se dá sem nem mesmo que se saiba Dele. Por isso, tudo Nele se resume.

Acredito que falo das mais simples convicções. E convicções são consolidações do que somos.

Então, que assim seja.

Comentários

  1. Como sempre, não poderia ser diferente em se tratando de convicções de uma mente como a sua meu brother. Em determinados momentos eu pensava, “não é possível que ele esteja falando isso”, mas no próximo parágrafo o que se pretendia falar se revelava de maneira clara e cristalina. Você conseguiu construir uma leitura tensa hein, rsrsrsrsrs.
    Parabéns brother.

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    1. Agradeço meu mano.
      Sei que entre nós há diversas conexões de convicções tbm.
      Abração.

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