Velocidade da alma

A marca mais intensa do mundo, hoje em dia, é a velocidade dos acontecimentos. Vivemos sentindo que o tempo está passando mais rápido. Compromissos da agenda, obrigações da vida profissional e os projetos pessoais se misturam, como se formassem um pé gigante que aperta o acelerador do dia a dia.

Contudo, o que parece ser uma imposição invencível do nosso tempo na verdade não o é. Isto porque, ainda que sintamos essas mesmas pressões da modernidade, cada um de nós tem um jeito - o seu jeito - de vivenciar a vida.

Essa forma única de sentir o mundo é a nossa alma.

Essa parte que sente, que faz a ligação entre o que conscientemente raciocinamos e os eventos do mundo externo, é a alma.

Tão distinta que, mesmo em pleno processo de pensamento, podemos mantê-la longe, fria, dispersa, desligada.

É possível se preocupar, raciocinar e agir sem alma.

Portanto, cada experiência é decidida pela intensidade de alma que levamos ao encontro dela. Enquanto o mundo nos empurra freneticamente pra frente, é possível desacelerar, sentir, perceber, somente se tudo tiver também alma.

As velocidades da alma são muito diferentes. Posto que se intensificam na mesma medida com que pedem tudo mais lento, mais calmo, mais simples.

Não é fuga. Não é fingir que nada está acontecendo.

É atentar para os significados das coisas, o efeito que tem e terão sobre nós. A pessoa que nos tornamos hoje. É parar pra pensar no que na vida vale a vida, e o que se escolhendo em vida, a qualquer custo, nos mata.

Por isso, o que vale mais que alma?

Ela não é adiável. Não há alma no futuro. A alma pertence ao seu devido instante. Cada fração de momento com alma é uma janela de eternidade que se abre ao coração.

Entender isso é o começo da paz, da vida.

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