Tropa de Elite na vida real

Moro aceita ser o próximo Ministro da Justiça. Do ponto de vista técnico, o juiz tem grandes credenciais. O problema foi sua constante declaração de distanciamento da política. O problema.

Concordo com a fala de Reinaldo Azevedo, já que, se confirmada, a criação de um superministério tão abrangente (Justiça, Transparência, CGU, Segurança Pública e COAF) vai tornar Moro o homem mais poderoso da nação, abaixo de Bolsonaro (se não vis-à-vis ...).

Bom para o futuro governo Bolsonaro. Ruim para a Operação Lava Jato.

Inegável que Moro, como figura central da Lava Jato, foi decisivo para o acirramento político no combate anticorrupção, que muito contribuiu para o vácuo político que se estabeleceu desde então, varrendo figuras de praticamente todas as alas partidárias. Situação oportunamente ocupada por Bolsonaro, político de pouca expressão, que sustentou em sua campanha um violento discurso contra o sistema.

É a repetição dos efeitos da Operação Mãos Limpas, espelho de Moro, no Brasil.

Ao aceitar o superministério, Moro escancara a agenda política na sua atuação (que já era perceptível), contudo, não sem por sob suspeição a isenção da Lava Jato. Divulgação ilegal da conversa entre Dilma e Lula, exaramento da sentença que condenou Lula (e assim, o tornou inelegível) e, por último, divulgação da delação de Palocci poucos dias antes do 2º turno. Resta exposta a suspeição do magistrado.

Para o Judiciário, é péssimo. Moro precisa afastar-se imediatamente de todos os casos da operação.

Ademais, não se sabe se Moro terá o traquejo necessário para lidar com funções que vão além da independência funcional, com a qual está acostumado.

Vamos ver no que dará. Os anseios de moralização política da nação estão lançados no jogo. Não deixa de ser o “Tropa de Elite 2” da vida real.

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