Bebianno sabe demais

Completados quase 50 dias de governo, o presidente Bolsonaro enfrenta sua primeira crise. A saída do ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, se fez não sem uma ruidosa novela, deixando todos os ares de mistério.

Bebianno foi primeiro advogado de Bolsonaro, quando se ofereceu para liderar a campanha do então deputado para o Planalto. Foi por intermédio de Bolsonaro alçado à chefia do PSL.

Nenhum outro esteve tão próximo ao Presidente, deixando até mesmo o próprio pai no leito de morte para incentivar sua campanha, quando todos o tinham por desacreditado. Lealdade que se demonstra a ser cobrada. Em meio à indefinição, Bebianno abriu a caixa de ferramentas: “Perdi a confiança no Jair. Tenho vergonha de ter acreditado nele. É uma pessoa louca, imprevisível, um perigo para o Brasil”.

Nisto, a incompreensível demora do chefe do Executivo na exoneração do palaciano se mostrou eloquente. Bebianno, como ninguém, tem conhecimento de como se formou o patrimônio do clã. Viveu os bastidores da campanha do presidente nas mídias sociais. Participou da alocação de recursos na contabilidade do PSL. Deve compreender como um vereador - Carlos Bolsonaro - pôde dar o salto institucional e determinar a fritura de um Ministro de governo, expondo, para tanto, a intimidade de Sua Excelência, o Presidente da República, para “lacrar” no twitter.

De modo no mínimo espantoso, Bebianno deixa o governo nas palavras ciclotímicas do Senhor Presidente, que não mediu esforços para redimí-lo do “mentiroso” à gratidão: “Agradeço ao sr. Gustavo pelo esforço e empenho quando exerceu a direção nacional do PSL, e continuo acreditando na sua seriedade e qualidade do seu trabalho”.

A história ainda não acabou. Bebianno sabe demais.

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