SE DEUS É BOM, POR QUE O MAL EXISTE?

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Os cristãos têm enfrentado diversos questionamentos a respeito de sua fé ao longo do tempo. Alguns classificam essas questões em quatro grupos distintos[1]: epistemológicas, ontológicas, teleológicas e éticas. A questão da relação entre Deus e o mal no mundo está ligada a esta última categoria.

Uma das formas mais conhecidas da apresentação do problema é alegar a incompatibilidade do mal com os atributos de Deus. Se Deus existe, o mal não deveria existir. Uma vez que o mal existe, Deus deveria usar Sua bondade para evitá-lo e Seu poder para destruí-lo. Mas o mal continua existindo e Deus não parece ser poderoso, nem bom.

Uma falsa solução tem sido explicar a existência do mal como resultado da liberdade dos seres criados (inclusive da humanidade), que provoca os males no mundo através de suas escolhas, contrariando a vontade de Deus.

Nessa forma de entender, a vontade dos seres humanos cria o mal, e com ele, um verdadeiro problema que foge ao controle de Deus.

A grande dificuldade dessa hipótese é limitar Deus dentro desse caos de possibilidades, pois, para que a autonomia humana permaneça completamente livre, Ele não pode interferir nela. Ao mesmo tempo, Deus e seres humanos vão descobrindo juntos o resultado da mistura de suas escolhas, num mundo imprevisível, até mesmo para Deus.

Uma boa abordagem para a questão é partir da compreensão de que Deus, sendo bom e poderoso, não está obrigado a evitar ou destruir o mal assim que ele apareça. O Deus da Bíblia é descrito como sabendo do que acontece no futuro (Is 46:9–11), como exercendo controle sobre as escolhas humanas (Pv 16:1, 9) e como atuando no mundo de maneira irresistível (Is 55:8, 10–11; Pv 16:4, 33).

Assim, é perfeitamente possível para Deus ter planos que levem em consideração a existência do mal (Gn 50:20). Por outro lado, os atributos de Deus não entram em conflito, pois Sua sabedoria age em harmonia com Sua bondade e Seu poder (Sl 104:24).

Mas e o mal?

Deus enfrenta o problema do mal na cruz. Seu Filho é o tratamento do mal. Jesus é Deus dando o melhor de Sua bondade e punindo o mal com o maior de todos os poderes, em Sua própria carne e sangue (Is 53:4–12; Rm 1:16). Por Cristo, Deus dirige todas as coisas para o bem de Seus amados (Jó 42:2; Rm 8:28). Em Jesus, Deus tem reservado o julgamento final para o mal no mundo (Rm 2:16; 2Co 5:10; Ap 20:7–15).

Ao caminhar em meio aos paradoxos desse mundo, faz todo sentido admitir em total perplexidade: “Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao ser humano determinar o seu caminho, nem cabe ao que anda dirigir os seus passos” — Jr 10:23 (NAA).

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[1] In: WRIGHT, R. K. Mc Gregor. A Soberania Banida. 1ª ed. Cambuci: Cultura Cristã. 1998. 267 p.

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