DE QUANTAS PARTES O SER HUMANO É FEITO?

Imagem: O Homem Vitruviano (Leonardo da Vinci)

Uma das principais contribuições do Cristianismo para a Antropologia tem sido considerar o ser humano sob uma perspectiva integral, concebendo-o a partir de uma visão total de sua pessoa.

Entretanto, é possível identificar a defesa de dois pensamentos distintos a respeito da constituição humana. A tricotomia se refere a concepção do homem como partido em três, enquanto a dicotomia afirma um corte em duas partes.

É importante enfatizar o termo “corte”, porque em ambos os vocábulos ele está presente (do grego “temnein”). “Cortar o ser humano em partes” ajuda bastante na compreensão das implicações dos dois pensamentos para a concepção da Antropologia cristã.

A tricotomia divide o ser humano em corpo, alma e espírito. É, talvez, o pensamento mais antigamente defendido na História da Igreja, a exemplo, por Irineu e Apolinário de Laodiceia. Contudo, é uma visão que deve ser rejeitada.

Por sua vez, a dicotomia divide o ser humano em corpo e alma. Essa visão tem sido sustentada de maneira mais ampla do que a anterior, contando com teólogos famosos como Louis Berkhof dentre os seus propositores. Entretanto, ela também deve ser rejeitada.

Como bem observa Anthony Hoekema, “a Bíblia não usa uma linguagem científica exata. Ela usa termos como alma, espírito e coração mais ou menos indistintamente”. Uma visão partida do ser humano deve ser rejeitada porque, em suma, concebe essas partes de maneira divorciada e até mesmo irreconciliável.

As Escrituras afirmam a pessoa humana como uma unidade. G. E. Ladd ressalta que “a recente erudição tem reconhecido que termos como corpo, alma e espírito não são diferentes faculdades separadas do homem, mas diferentes modos de ver a totalidade do homem”.

Dessa forma, o ser humano não deve ser visto como um conjunto de partes juntadas por Deus, mas como um ser completo que se relaciona com Ele, em que cada “parte” pode ser tomada pelo todo, como afirma J. T. Robinson.

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