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Imagem: unsplash |
Embora se trate de uma das doutrinas mais autoevidentes da fé cristã, a realidade do pecado é normalmente relativizada pela sociedade dos nossos dias. Como algures já afirmou G. K. Chesterton, o pecado é a única doutrina bíblica que possui comprovação empírica. A realidade caída dos seres humanos pode ser constatada em qualquer matéria de jornal.
Porém, tão importante quanto reconhecer a seriedade do pecado é abordá-lo de maneira adequada. O conceito fundamental de pecado expressa a rebelião do ser humano contra Deus. Diferentemente de outras concepções, a visão bíblica de pecado o descreve como um mal que atinge o ser humano em sua integralidade, não sendo apenas uma mera falha de caráter ou equívoco de avaliação.
Na raiz do pecado reside o desejo de independência de Deus. Nesse sentido, todo pecado é apostasia. Pecar é afirmar: “eu mesmo posso ser Deus”. Como avalia E. Brunner: “O pecado não é fenômeno primário, não é o início, mas é um desvio do início, o abandono da origem, o rompimento com aquilo que Deus deu e estabeleceu […] Pecado é apostasia, rebelião, porque não é o elemento primário, mas o reverso do elemento primário”.
Demais disso, a abrangência do pecado também não deve ser subestimada. O pecado não afeta uma parcela da vida, antes, atinge a existência total do ser humano. É uma perversão completa da vontade, é um modo de existir no mundo.
Entretanto, como apontar a origem do pecado? Adão pecou, todos pecaram e a difícil interpretação de Romanos 5:12 (e ss): “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram” (Rm 5:12 — NAA).
Seguindo o pensamento consentâneo na tradição ortodoxa do cristianismo, acompanhado por comentaristas como John Stott e C. E. B. Cranfield, o pecado não é uma questão de ancestralidade, mas de participação.
Quando Adão pecou, trouxe a morte para toda a humanidade. Contudo, todos pecamos por conta própria, pois o pecado corrompeu a nossa natureza. Nascemos sob a condição pecadora e dela participamos ao cometer nossos próprios pecados. A posição mais consistente admite o paradoxo: a corrupção herdada e a responsabilidade.
A morte de Cristo na cruz revela a universalidade do pecado e atesta a sua seriedade. Sendo assim, o maior dos milagres é um presente incompreensível. Por um pecado veio a morte de toda a humanidade. Pela morte do Filho Único de Deus veio a salvação de todos os pecados cometidos por pessoas de todos os tipos, em todas as épocas e lugares, pela graça e mediante a fé (Ef 2:4–9).
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