Imagem: Jesus ensinando na casa dos filhos de Zebedeu (The Chosen) |
As palavras são um dos meios mais eficazes de comunicação utilizado pela humanidade. Seja escrita ou falada, a linguagem é mais do que transmissão de conteúdo ou descrição de eventos, ela consiste na criação da própria realidade, pois dá sentidos e estabelece significados. Dessa forma, a linguagem é a mais humana das características.
No tempo de hoje, o aumento das possibilidades de acesso à informação e as facilidades de comunicação têm tornado as relações sociais muito mais complexas. Essas dificuldades também estão sendo sentidas por muitos cristãos ao redor do mundo. Esse estado de constantes transformações tem gerado dúvidas sinceras, por exemplo: como os cristãos devem se comportar em meio ao avanço das tecnologias? Ou ainda: é possível manter a relevância da mensagem cristã nas mídias digitais?
Como Jesus falaria se estivesse nas redes sociais dos dias atuais? Eis uma questão que não pode ser ignorada, pois um dos objetivos declarados da mensagem de Jesus é falar a todo ser humano (Mateus 28:19–20). E é justamente sobre isso que esse texto procura levantar algumas possíveis respostas.
1. A FORMA DE COMUNICAÇÃO DE JESUS
Jesus Cristo figura dentre os grandes vultos que a humanidade viu surgir ao longo de sua História. Ele foi um mestre judeu, forjado em terrenos acidentados da Galileia e nos trabalhos de uma modesta carpintaria. Contudo, sua admirável habilidade de falar às multidões mostrou-se inaudita no curtíssimo tempo de seu ministério público.
A força da comunicação de Jesus é perceptível numa das formas que Ele usava para transmitir Seus ensinos, chamada de parábola. Como afirma MacArthur, a parábola é uma história criada por Jesus para ilustrar um princípio ou um preceito (2016, p. 12). Essas histórias eram imagens vívidas, muito familiares na sociedade em que convivia. Jesus usava histórias do dia a dia das pessoas para ensinar uma lição nova, através de fatos já aceitos e conhecidos por todos (KISTEMAKER, 1992, p. 15).
Obviamente, havia nessa forma peculiar de Jesus uma grande genialidade. Joachim Jeremias diz que Suas parábolas são dotadas de pessoalidade, de clareza e simplicidade sem comparação e exibem verdadeira maestria na construção (2007, p. 9). Na comunicação de Jesus é nítida a realização do ideal encontro da objetividade com a versatilidade. Ele era mestre na contação de histórias, não havia verdade tão evidente ou doutrina tão complexa que ele não fosse capaz de ensinar com simplicidade e profundidade (MACARTHUR, 2016, p.10).
No entanto, embora seja possível identificar a técnica na transmissão de Sua mensagem, deve-se notar que esta não era o fator preponderante. Jesus utilizou bem os suportes que tinha, sem perder seu foco. Além disso, usou muitas metáforas em suas parábolas, mas elas nunca se afastaram da realidade (KISTEMAKER, 1992, p. 17). Ele se manteve conectado ao contexto de seus contemporâneos, sem deixar de ser relevante para qualquer época.
Há também na forma de Jesus se comunicar uma bem sucedida exploração do poder das imagens. É bem provável que a força das imagens das parábolas de Jesus pode ter ajudado na manutenção da verdade na memória dos ouvintes, e estimulado neles o surgimento da fé e compreensão (MACARTHUR, 2016, p. 16). Embora os modernos recursos visuais não estivessem à Sua disposição, Ele conseguiu imprimir na mente de seu público cenas surpreendentes, cheias de figuras marcantes.
Jesus também impressiona por sua capacidade de adaptar a Sua transmissão de conteúdo. Segundo Kistemaker, Ele falava a linguagem de seu público e adequava-se ao nível de seus ouvintes. Ele usou as parábolas para tornar sua linguagem acessível ao povo e comunicar sua mensagem de um modo claro e simples (1992, p. 19).
MacArthur* observa que a história mais curta de Jesus está em Mateus 13:33, não chegando a ocupar um versículo inteiro. No original grego, a parábola tem 19 palavras, o mais simples conto sobre uma das atividades mais comuns, transmitida com o menor número de palavras possível (2016, p. 10). Esse tipo de mensagem curta se assemelha bastante ao moderno tweet. Sendo assim, não seria de todo impossível imaginar como Jesus usaria as mídias digitais para se comunicar, se nascesse nos dias de hoje.
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*[DISCLAIMER] Recentemente, veio à público uma série de documentos que revelaram o envolvimento de John MacArthur em um escândalo de ocultação de violência doméstica em sua igreja, nos EUA. No tempo em que o referenciei nesse texto, não tinha conhecimento de tais fatos, o que de maneira nenhuma significa que eu o esteja endossando. Ao contrário, creio que Teologia e prática são inseparáveis. Reprovo o seu comportamento inadmissível, rogando misericórdia sobre as vítimas dos abusos sofridos e arrependimento verdadeiro a MacArthur.
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