AS RAÍZES REFORMADAS DA TRADIÇÃO BATISTA: Os Fundamentos Reformados nas Confissões de Fé Batistas [Parte 4]

Confissão de Fé Batista de 1677 (depois publicada em 1689). Imagem: https://owlcation.com/humanities/Early-Particular-Baptists


4. INFLUÊNCIA CALVINISTA NAS CONFISSÕES DE FÉ BATISTAS
Como evidência das raízes da Reforma na tradição Batista, ainda é possível percorrer, rapidamente, a influência que o Calvinismo exerceu nas confissões de fé Batistas no transcorrer da História.

Embora a Primeira Confissão de Fé Batista tenha sido elaborada por John Smyth, ainda em 1610 (OLIVEIRA, 2011, p. 65)⁠, não demorou muito para que os Batistas Particulares dessem início a uma sólida tradição confessional Reformada entre os Batistas.

4.1. A CONFISSÃO DE FÉ BATISTA DE 1644
De acordo com Traffanstedt, em 1644, os Batistas Particulares já contavam com ao menos sete igrejas. Naquele mesmo ano, essas igrejas se uniram para elaborar uma confissão de fé, chamada de Primeira Confissão de Fé Londrina. Essa confissão precedeu em dois anos a famosa Confissão de Fé de Westminster (2015, p. 9)⁠.

Nesse mesmo período, outro princípio distintivo dos Batistas foi estatuído. Relata Oliveira que os Batistas Particulares foram os primeiros a questionar a forma de batismo, passando a adotar o batismo por imersão em 1641. Logo os Batistas Gerais também o adotaram, e o imersionismo passou a ser mencionado em todas as confissões de fé Batistas, desde a Primeira Confissão de Londres, de 1644 (2011, p. 61)⁠.

4.2. A CONFISSÃO DE FÉ BATISTA DE 1689
A Confissão de Fé Batista de 1689 foi um notável documento doutrinário (PEREIRA, 1979, p. 84) e em muitos sentidos se tornou determinante para a identidade dos Batistas.

Afirma Silva que a Confissão de Fé de 1689 foi amplamente apoiada na Confissão de Fé de Westminster, de 1648 e, com exceção da Confissão de Augsburg, todas as demais confissões Protestantes até então eram de tendência calvinista, incluindo a Batista (2013, p. 45)⁠.

A consciência denominacional Batista estava em maturação. Oliveira descreve que o processo de elaboração desta Confissão de Fé contou com a convocação de uma Assembleia Geral dos Batistas Particulares, em 1689. Foram convidadas todas as igrejas que concordavam com a Confissão de Fé de 1677, de posição Calvinista. Nesta Assembleia, rejeitou-se a cooperação de igrejas que admitiam membros não batizados biblicamente, definiu-se que o domingo era o Dia do Senhor, houve a defesa de educação formal para o ministério e o antinomismo foi condenado (2011, p. 65)⁠.

Os Batistas norte-americanos também se serviram do teor consolidado na Confissão de Fé Batista de 1689, instituindo-a como sua confissão de fé. Segundo Silva, em 1742, A Associação Batista da Filadélfia elaborou sua confissão, a Confissão de Filadélfia, semelhante à Confissão de Fé Batista Inglesa, de 1689. Em 1833, surgiu a Confissão de New Hampshire, contrapondo-se ao Calvinismo da Confissão de Filadélfia, sendo mais resumida e menos Calvinista (2013, p. 45)⁠.

4.3. A ATUAL DECLARAÇÃO DOUTRINÁRIA DA CBB
O legado das raízes Reformadas da tradição Batista também alcançou o território brasileiro. Relata Crabtree que, em 1881, quando da chegada de William B. Bagby e sua esposa, Anne L. Bagby, havia duas igrejas Batistas de língua inglesa no Brasil, Santa Bárbara e Station. O Dr. Bagby aceitou o pastorado de ambas, pregando duas vezes ao mês em cada uma (1962, p. 71–72).

Conforme Oliveira, em 1882, Zacarias C. Taylor e sua esposa, Kate C. Taylor, vieram para o Brasil. Unindo-se ao casal Bagby e a Teixeira de Albuquerque, dirigiram-se para a Bahia, onde organizaram a Primeira Igreja Batista do Brasil, em 15 de outubro de 1882, que, na verdade, era a terceira no país (2011, p. 119)⁠.

Na Convenção de 1916, os Batistas brasileiros adotaram a Confissão de Fé de New Hampshire, trazida por Zacarias C. Taylor. O texto foi chamado de “A Confissão de Fé dos Batistas do Brasil”, vigorando até 1986. Nesta última ocasião, a Convenção, reunida em Campo Grande/MS, aprovou a atual Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira, em seus 19 artigos (SILVA, 2013, p. 45–46)⁠.

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