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2. TEOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS
A Teologia Contemporânea é compreendida como tal a partir do século XIX. Contudo, é preciso considerar o contexto do século XVIII e a influência de Friedrich Schleiermacher.
Sob o enfoque do romantismo, Schleiermacher promoveu uma reabilitação da religião cristã nos círculos intelectuais, que a tinham relegado ao desprezo no século XVIII (HORDERN, 2011, p. 31). Ele, ainda, marcou a passagem da hermenêutica para o campo da ciências humanas, com o status de filosofia (RODRIGUES, 2005, p. 70). Desde então, Schleiermacher tornou-se o referencial para a compreensão da Literatura Bíblica, dando ensejo ao surgimento da Teologia Liberal.
2.1. A TEOLOGIA LIBERAL
A Teologia Liberal foi um movimento mergulhado no contexto de otimismo impulsionado pelo progresso das descobertas científicas do século XIX, que pretendeu o resgate da mensagem cristã.
Como já mencionado alhures, a Teologia Liberal propõe que todas as crenças sejam submetidas à verificação da razão e da experiência, já que a razão humana é capaz de oferecer as melhores intuições sobre a natureza divina (HORDERN, 2011, p. 47).
De acordo com Rodrigues, o método utilizado pelo Liberalismo Teológico é o da História das Religiões Comparadas, procurando identificar elementos estruturais comuns dentro do desenvolvimento dos diferentes significados elaborados nas tradições culturais (2005, p. 71).
Além do amplamente conhecido Karl Barth (neo-ortodoxo, falo sobre as diferenças dos dois movimentos aqui), figuram entre os principais ícones do movimento pensadores como Albrecht Ritschl, Adolf von Harnack, Ernst Troeltsch e H. E. G. Paulus (CHAMPLIN, 2013c, p. 886).
2.2. AS TEOLOGIAS DE LIBERTAÇÃO
As Teologias de Libertação consistem no complexo de pensamentos vertidos no contexto de diversos grupos marginalizados, cujas questões essenciais permaneciam intocadas pelas correntes da teologia tradicional. A descrição como “teologias” tem sua razão no fato de serem múltiplas as correntes de reflexão teológica advindas das experiências específicas de apropriação dos Escritos Sagrados por tais grupos (RODRIGUES, 2005, p. 74).
Embora haja a variedade apontada, Champlin observa que a Teologia da Libertação é predominante entre teólogos e ativistas católicos romanos, dentre os quais há crença estabelecida de que seja parte do dever da Igreja o combate da desigualdade social e da opressão. Cristo é proposto como "O Libertador", utilizando-se do instrumental interpretativo do marxismo, que concebe a sociedade a partir da luta de classes (2013d, p. 409).
Dentre as Teologias de Libertação merecem destaque a Teologia Feminista – cujos teólogos perceberam os papéis sociais e religiosos como construções culturais do machismo e, a partir do texto bíblico, tentam reelaborar as concepções de inferioridade feminina baseadas em elementos patriarcais (RODRIGUES, 2005, p. 82) – e a Teologia Negra.
No Brasil, o principal expoente é Leonardo Boff. Tornou-se conhecido em 1984, por suas ácidas críticas ao Vaticano, as quais consistiam na total ausência de medidas práticas para a solução dos problemas sociais por parte da Santa Sé. Ao mesmo tempo, sublinhou a importância de alguns postulados do marxismo, sem que se tome tal ideologia integralmente (CHAMPLIN, 2013d, p. 415). Boff foi repreendido pelo papa João Paulo II e, desde então, mantém silêncio sobre o assunto.
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